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Vedanta

     A essência do Vedanta é que só existe um Ser e que cada alma é 

esse Ser por  completo, não parte desse Ser .... 

 -Swami Vivekananda.   

O que é Yoga?

De acordo com os ensinamentos do Vedanta, existem quatro caminhos que podemos seguir para alcançar o objetivo de compreender nossa natureza divina. Esses caminhos são conhecidos como os ‘quatro yogas’. Podemos escolher um caminho mais afinado com nossa personalidade ou inclinação, ou seguir as práticas dos caminhos em qualquer combinação. Os quatro yogas são Bhakti Yoga, Karma Yoga, Raja Yoga e Jnana Yoga.

Nas palavras de Swami Vivekananda: “A ideia mais grandiosa da religião Vedanta é que podemos alcançar o mesmo objetivo por caminhos diferentes; e esses caminhos eu agrupei em quatro: os caminhos do trabalho, do amor, da psicologia e do conhecimento. Mas, ao mesmo tempo, devemos nos lembrar de que essas divisões não são muito rígidas e uma não exclui as outras. Cada uma delas se mescla com a outra, mas de acordo com o tipo que prevalece nomeamos as divisões. Não significa que algumas pessoas não tenham outra faculdade senão a do trabalho, nem que haja pessoas que não sejam mais do que adoradores devotados, ou outras que não tenham mais do que mero conhecimento. Essas divisões são feitas de acordo com o tipo ou a tendência que prevalece em alguém. Descobrimos que, no final, esses quatro caminhos convergem e tornam-se um. Todas as religiões e todos os métodos de trabalho e adoração conduzem-nos à mesma e única meta.” (livro Karma yoga, de Swami Vivekananda, cap. VIII, pag.117, editora Vedanta)


Você é quem você é. Você não precisa fazer nada para se tornar Atman / Brahman, pois já é isso. Mas o problema é que você não sabe quem você realmente é, o que, sem saber, lhe traz muita tristeza e sofrimento. Assim, a prática do Vedanta é dirigida para remover sua ignorância sobre seu verdadeiro Eu, bem como purificar a mente para que a Realidade possa brilhar livremente. Assim como existem infinitas maneiras para se chegar ao topo da montanha, mas o topo é o mesmo para todos, existem infinitas maneiras para se chegar à Iluminação/Autorrealização a partir de onde você está atualmente, mas a Realidade final é a mesma para todos.

• Jnana Yoga (Prática Conhecimento)

• Bhakti Yoga (Prática da Devoção)

• Raja Yoga (Prática da Meditação)

• Karma Yoga (Prática da ação inegoísta)

Jnana Yoga - O Caminho do Conhecimento

“Os sábios do mundo têm apenas o direito de nos dizer que analisaram suas mentes e encontraram esses fatos, e se fizermos o mesmo e encontrarmos os fatos também acreditaremos, e não antes.”

                                                                                                                                                                                                                                                                                         ― Swami Vivekananda, Jnana Yoga

 

Jnana Yoga é o caminho do conhecimento. Neste caminho, o aspirante espiritual usa a razão e o discernimento para descobrir a natureza divina interior, rejeitando tudo o que é falso ou irreal. Essa prática nos mostra que a Suprema Realidade reside dentro de nós.


Aspectos do Jnana Yoga                                                                                                            

  • Discriminação entre o real e o irreal.
  • Vedanta não dualista ou advaita.
  • Afirmação do verdadeiro Ser.
  • Descoberta de sua verdadeira natureza

Jnana yoga é o yoga do conhecimento — não o conhecimento no sentido intelectual — mas o conhecimento e a realização da unidade entre  Brahman e Atman. Enquanto o devoto que pratica o caminho de bhakti yoga segue os impulsos de seu coração, o jnani( praticante do jnana yoga) usa os poderes da mente para discriminar entre o real e o irreal, entre o permanente e o transitório.

Os jnanis, seguidores do Vedanta não-dualista ou Advaita Vedanta, também podem ser chamados de monistas, pois afirmam que Brahman é a única realidade. Certamente, todos os seguidores do Vedanta são monistas, pois todos os vedantistas afirmam a realidade única de Brahman. A diferença aqui está na prática espiritual: embora todos os vedantistas sejam filosoficamente monistas, na prática aqueles que são devotos de Deus preferem pensar em Deus como distinto de si mesmos para desfrutar da doçura de um relacionamento. Os jnanis, por outro lado, entendem que toda dualidade é ignorância. Não é necessário buscar a divindade fora de nós mesmos: já somos divinos.

O que nos impede de conhecer nossa verdadeira natureza e a natureza do mundo ao nosso redor? O véu de ignorância. Jnana-yoga é o processo de desvendar completamente esse véu, rasgando-o por uma abordagem dupla: discriminação entre o real e o irreal e afirmação do verdadeiro Ser.

Bhakti Yoga - O caminho do amor

“O caminho da devoção é natural e agradável. O caminho da filosofia leva o riacho da montanha de volta à sua fonte. É um método mais rápido, mas muito difícil. A filosofia diz: 'Verifique tudo.' A devoção diz: 'Deixe a corrente fluir numa autoentrega eterna'. É um caminho mais longo, mas mais fácil e feliz.”— Obras Completas de Swami Vivekananda, Vol 7, discursos inspiradores, quinta-feira, 11 de julho.”
Bhakti Yoga é o caminho do amor e da devoção. O devoto se aproxima de Deus por meio de um relacionamento amoroso. Esse caminho enfatiza práticas como oração, canto, repetição do nome de Deus, Japa, adoração e meditação em Deus como uma presença amorosa em nossas vidas.

Bhakti Yoga é recomendado para pessoas que são mais emocionais do que intelectuais. É o método de alcançar Deus através do amor e da lembrança amorosa de Deus. Como outros yogas, o objetivo do bhakta, ou devoto de Deus, é alcançar a realização de Deus – a unidade com o Divino. O bhakta consegue isso através da força do amor, que entre as emoções é a mais poderosa e irresistível. 

O amor nos dá concentração: mesmo contra nossa vontade, lembramo-nos constantemente do objeto de nosso amor. Fácil e simples, o amor cria as condições necessárias para uma vida espiritual frutífera. O Vedanta então diz: não desperdice o poder do amor. Use essa força poderosa para a realização de Deus.

Karma Yoga - O Caminho da Ação

“Karma-Yoga é a obtenção através do trabalho inegoísta daquela liberdade que é o objetivo de toda a natureza humana. Toda ação egoísta, portanto, retarda nosso alcance da meta, e toda ação inegoísta nos leva à meta; é por isso que a única definição que pode ser dada de moralidade é esta: aquilo que é egoísta é imoral, e aquilo que é inegoísta é moral”.
— Obras Completas de Swami Vivekananda, Vol 1, Cap. 8 O ideal do Karma Yoga.

Karma Yoga é o caminho do trabalho inegoísta. Aqueles que seguem este caminho fazem seu trabalho como uma oferenda a Deus e não esperam nada pessoal em troca. O Karma Yoga nos ensina a praticar o desapego e a equanimidade em nosso trabalho e a entender que os resultados de qualquer ação estão além do nosso controle.

Aspectos do Karma Yoga:

  • Trabalho dedicado a Deus
  • Ação inegoísta
  • Não apego aos frutos do trabalho
Quer tenhamos consciência disso ou não, todos nós agimos o tempo todo, pois até mesmo sentar e pensar são ações. Uma vez que a ação é inevitável, parte integrante de estar vivo, precisamos reorientá-la para um caminho que conduza à realização de Deus. Como lemos no Bhagavad Gita, uma das escrituras mais sagradas do hinduísmo:

Seja qual for sua ação,
Alimento ou adoração;
seja qual for o presente
Que você dê a alguém;
Qualquer austeridade
Que praticar 
coloque tudo isso
Como oferendas diante de Mim. (BG 9.26)

Assim como os devotos oferecem flores e incenso em sua adoração amorosa a Deus, ações e pensamentos também podem ser oferecidos como adoração divina. Sabendo que o Senhor existe no coração de todas as criaturas, os devotos podem e devem adorar a Deus servindo a todos os seres como manifestações vivas de Deus. Diz o Bhagavad Gita: "Um yogi me vê em todas as coisas, e todas as coisas em Mim." O mais elevado de todos os iogues, continua o Gita, é aquele “que se alegra com a felicidade e sofre a tristeza de cada criatura” dentro de seu próprio coração. 

Raja Yoga - O Caminho da Meditação

“A ciência do Raja-Yoga, em primeiro lugar, propõe-se a nos dar os meios para a observação dos estados internos. O instrumento é a própria mente. O poder da atenção, quando devidamente orientado e direcionado ao mundo interno, analisará a mente e iluminará os fatos para nós. Os poderes da mente são como raios de luz dissipados; quando estão concentrados, iluminam. Esse é o nosso único meio de conhecimento.”                        
— Obras Completas de Swami Vivekananda, Vol 1, Capítulo 1

Raja Yoga é o verdadeiro caminho da meditação. A meditação é uma prática importante em todos os caminhos, pois nos permite experimentar estados mais elevados de consciência, onde alcançamos uma compreensão mais profunda de nossa natureza divina (o Atman).

Aspectos do Raja Yoga 
  • Controle da mente através da meditação.
  • Uso dos poderes da mente para realizar o Atman, o verdadeiro Eu.
  • A instrução - iniciação é transmitida individualmente ao aspirante espiritual por um mestre, ou guru.
A premissa básica do raja-yoga é que nossa percepção direta do Eu , nosso verdadeiro Ser, é obscurecida pela agitação mental . Se a mente puder ser mantida em um estado calmo e puro, o Ser brilhará automaticamente, instantaneamente. Como diz o Bhagavad Gita:

“Quando, pela prática do yoga,
A mente cessa seus movimentos inquietos
e fica calma
O aspirante espiritual realiza o Atman.” (Bhagavad Gita, 6.20)
Podemos comparar a mente calma a um lago bonito e claro. Nesse lago não há ondas, nem poluição, nem turistas, nem barcos. Ele é transparente como vidro: calmo, quieto, pacífico. Olhando para baixo através das águas cristalinas, podemos ver claramente o fundo do lago. O fundo do lago, metaforicamente falando, é o Atman que reside nas profundezas de nossos corações. Quando a mente se torna pura e calma, o Ser não permanece oculto à nossa vista. 
Mas como podemos aquietar a mente? Citemos novamente o Bhagavad Gita: 

“Pacientemente, pouco a pouco, os aspirantes espirituais devem libertar-se de todas as distrações mentais, com a ajuda da vontade inteligente. Você deve fixar sua mente no Atman e não pensar em mais nada. Não importa onde a mente inquieta vagueie, ela deve ser trazida de volta e ser fixada apenas no Atman.”( Bhagavad Gita, 6.25)
Sri Ramakrishna, avatar desta época, e seu discípulo, Swami Vivekananda, que trouxe o Vedanta para o mundo ocidental, enfatizaram o uso de uma técnica de meditação baseada em mantras e imagens simbólicas do divino.
Assim como um rei controla seu reino, nós também podemos manter o controle sobre nosso “reino” – o vasto território da mente. No raja-yoga, usamos nossos poderes mentais para perceber e conhecer o Atman por meio de um processo de controle psicológico.